- Tati, você tem que fazer o seu perfil - foi o que me disse a Martinha, que me colocou nesse “balaiodletras”.
- Como assim, meu perfil? O que você quer saber, meu bem? - Foi o que respondi.
De repente, sem esperar, deparei-me com aquele momento crucial na vida de qualquer pessoa: dizer “quem sou eu”.
Eu não estava preparada para pensar em grandes temas, como: “devemos ou não ter a bomba atômica?”; “sou a favor ou contra as cotas raciais nas universidades?”; “como reduzir os gazes poluentes que aumentam o aquecimento global?”; ou “quem sou eu?”.
Grandes temas estavam fora de questão esta noite. Eu estava pensando aonde esconderia os ovos de páscoa dos meus filhos, antes de receber o fatídico e-mail da Martinha. “Quem sou eu?”
Sou blogueira principiante, mas acho que o campo “perfil” deveria exigir uma atualização diária, sob pena de não dizer a verdade.
Lendo uma resenha do livro “A estética do oprimido” (de Augusto Boal), descobri que os índios Pirahá, de Roraima, ao longo da vida mudam de nome, porque acreditam que o avançar da idade os transformam em outras pessoas e se guardassem os mesmos nomes mentiriam sobre sua identidade.
A propaganda de um shopping de Belo Horizonte (para lançamento de uma de suas coleções, de inverno ou verão, não me lembro) talvez explique melhor o que quero dizer. Apelando para a compra de todas as peças da coleção, a campanha perguntava: “Que mulher você acordou hoje?”.
Olha, você pode não saber, mas pergunte ao seu marido, que ele te responde.
...
Acabei de voltar do quarto. Perguntei ao meu marido:
- Amor, quem eu sou? Qual é meu perfil?
Ele respondeu:
- Você? É esperta, inteligente, gostosa,...
Eu interrompi e o adverti:
- Amor é pra colocar na internet!
Então, ele corrigiu:
- Estudiosa, trabalhadora,...
Enfim, esta sou eu. Aquela que não tem uma definição. Muda todo dia. Tenta ser melhor. Mas,... de vez em quando quer simplesmente não (ter que) ser nada!
E quanto a você, qual é o seu perfil?
Do Balaio da Tati