terça-feira, 13 de abril de 2010

Investir em ser compreendido


 

       A gente gosta, às vezes, de fazer um drama para nós mesmos. Pensamos que em alguns momentos a vida maltrata a gente (além da conta...), e que seria bom ter uma trégua. É quase um cochicho. E que ninguém nos ouça, não é?

       Mas, sabem de uma coisa? A gente tem que falar mais! De verdade! Verbalizar esses pensamentos interiores que temos vergonha de compartilhar. Às vezes pensamos até algo do tipo - "Ah, fala sério! Quem quer ouvir essa bobagem?" Mas você só vai saber se deixar o "tagarela" que existe dentro de você aflorar.

       Eu particularmente tenho uma mania de não dizer algumas coisas importantes para as pessoas próximas a mim, com a desculpa de poupá-las. Podem rir! Até eu dou umas risadas disso, às vezes. Que papo é esse de poupar alguém? O que rola mesmo é MEDO! Medo do impacto, das reações, do descaso, da chacota... Quem sabe?

       Péssimo isso! Porque perco, como muitas pessoas, a oportunidade de dizer algumas coisas.

       Não tem o mesmo efeito receber um “parabéns” no dia seguinte ao do aniversário, tem? Você não se pergunta por que a pessoa não ligou na data se sabia qual era? Claro que imprevistos acontecem, mas com um esforço mínimo teria feito no momento certo. E com um esforço mínimo também evitamos de sermos incompreendidos!

       Quando, por exemplo, perdemos alguém (para a morte, para outro alguém, para o tempo... Não importa!) nos damos conta de como gostaríamos de não ter "papas na língua". De não ter deixado uma impressão naquele momento que não fosse a real. Ou então quando desligamos o telefone sem ter a certeza que a pessoa do outro lado entendeu o que estava no nosso coração...  
Acertar as palavras não é tarefa fácil, mas temos um idioma riquíssimo para nos ajudar. O tempo precisa parar até sermos compreendidos.

       Você pode se perguntar: pirou? Não, nem um pouco. Vamos gastar menos tempo investindo  em sermos compreendidos agora do que nos conformando com as palavras não ditas e que não voltam mais. Sei bem que ouvir mais e falar menos são qualidades apreciadas por aí, mas, pensem bem: vale à pena ter estas benesses e ficar com a sensação que não disse tudo?

       Hoje penso que não. Acho que expressar os nossos pensamentos, idéias e sentimentos, merece um cuidado todo especial.
 
       - Mas, Martinha, e se eu disser o que penso e não for bem aceito?

       Tente novamente! 

       Agora se as pessoas ao seu redor não respeitam as suas idéias, (porque todos têm o direito de concordar ou não, mas respeitar é fundamental!) avalie se não anda mal acompanhado.


Do Balaio da Martinha