domingo, 2 de janeiro de 2011

As lembranças, o presente e a vida


       
       Lembro-me dos meus tempos de menina passando o mês de dezembro, de férias, na casa da minha tia Marta. Íamos de carro, mais de dois mil quilômetros, ansiosos para o reencontro com os parentes. O carro era grande e dava para viajar bem com minhas duas irmãs no banco de trás.
       A casa da minha tia era enorme. O quarto das minhas primas era gigantesco, com uma enorme estante de prateleiras onde elas guardavam os brinquedos que passávamos horas para escolher com qual brincaríamos primeiro. De noite meu avô ia para a igreja carregando uma Bíblia tão grande! Aquela era a Bíblia que eu queria ter...
       Estas lembranças me fazem pensar nas proporções diante da vida, pois anos depois eu voltei à casa da minha tia e ela parecia ter diminuído. Perguntei-me “onde era aquele quarto enorme de brinquedos?”... E hoje carregando uma Bíblia, como a do meu avô, vejo que a minha perspectiva é diferente. As casas diminuíram, os carros são apertados e esta Bíblia não é tão enorme e pesada como aquela das minhas lembranças.
       O tempo é assim. O tempo trouxe à realidade as minhas ilusões me confrontando com um mundo confuso; onde valores se misturam mostrando que cada um faz de sua própria vida o que bem entende. O tamanho dos objetos parece diminuir à medida que aumenta a responsabilidade em viver. Esta proporção parece injusta, mas é necessário e real. 
       Se digerirmos bem as experiências e fizermos novas associações, provocaremos mudanças significativas em áreas em que temos consciência de que não está bem das pernas; então faremos melhores escolhas. Escolhas mais conscientes para perspectiva futura.
       Esta pode ser uma boa hora para avaliar a vida para um Novo Ano. Comece diferente. Promova um recomeço.

 Do Balaio da Thais