domingo, 5 de setembro de 2010

Já vendi

        
          Durante a minha vida tive que aprender a lidar com mudanças. Geográficas, físicas ou químicas, penso que posso relacionar a química aos sentimentos humanos, mudanças geram inquietações em mim, pois gosto do cotidiano, gosto do meu canto, gosto das lojinhas próximas a minha moradia...
Algumas mudanças são impostas e outras de pura escolha.
- Oi, amor. Estou numa reunião. Pode falar depois? - disse ele sussurrando com a boca grudada no telefone.
- Não. Tem que ser agora, mas é rápido: estou vendendo nosso apartamento,tá? - essa era eu acabando com a reunião...
Foi assim que aconteceu a nossa mudança.
Mudanças são importantes. Pessoas mudam por necessidade ou por desejo e somos estimulados a mudar, pelo menos, para acompanhar as mudanças do mundo que são cada vez maiores. Mas o sentimento de conforto e segurança muitas vezes nos confunde: "sei que preciso mudar, mas prefiro deixar como está...".
O racional entende que a mudança precisa acontecer, o emocional precisa ser convencido e, mesmo assim, reluta. Duro é sair de uma zona de conforto, que é confortável principalmente porque é conhecida. 
Chegou o dia da mudança, que eu escolhi fazer, e estava certa que fazia o melhor, pois iria para um espaço maior e mais confortável... No dia da mudança, ao ver o caminhão chegar, o Macunaíma que habita em mim se manifestou: "ai, que preguiça da mudança".
E convivo com os meus dois "eu" interior - o que quer permanecer e o que quer mudar.Não cobro de ninguém "ser uma maluca beleza", pois não a sou, mas as mudanças fazem parte da vida e são boas quando trazem acréscimos: ir para outro emprego, promover mudanças no visual ou criar novos hábitos de vida significa ganhos e não perdas.
Mudanças para sair da comodidade, enfrentar o desconhecido, avaliar comportamentos ou ter coragem para mudar o rumo da vida...

Do Balaio da Thais